Katherine Johnson, que completa 100 anos
neste domingo (26), gostava de calcular, de fato contava tudo, até os pratos
que lavava, e foi sua maravilhosa capacidade para a matemática que lhe ajudou a
colocar em órbita a Apollo 11, a nave que levou o homem à Lua pela primeira
vez.
As grandes
missões científicas são fruto do esforço combinado de grandes equipes em que
todas as contribuições contam, como a de Katherine e de outras mulheres
afro-americanas, cujo trabalho na Nasa — a agência espacial dos Estados Unidos
— ficou desconhecido para o grande público durante anos, até a chegada do filme
"Estrelas Além do Tempo" (2016).
Ela foi uma
das mulheres negras que formavam uma equipe no Centro de Pesquisa Langley para
calcular a trajetória dos primeiros lançamentos espaciais, operações que hoje
são feitas por computadores, mas nos anos 1960 os "computadores usavam
saias", segundo suas palavras, recolhidas em vários documentos que a Nasa
dedica à cientista especial em seu site na internet.
Nasa:
"Não teria sido possível fazer essas coisas sem Katherine Johnson"
Foram seus
cálculos que ajudaram a missão Apollo 11 a ter sucesso e Neil Armstrong a pisar
na Lua, em 1969, mas também os que estabeleceram a trajetória da primeira
viagem ao espaço de um americano — Alan Shepard (1961).
'Nunca me
levantei e disse: não quero trabalhar', afirmou Katherine
Quando a Nasa
começou a usar computadores para a missão em que John Gleen orbitou a Terra
pela primeira vez, em 1962, Katherine foi consultada para verificar os cálculos
da máquina.
"Se ela diz que são bons, então estou pronto para ir",
disse o astronauta, segundo lembrou a própria Katherine.
De fato, a
Nasa reconhece em seu site que "não teria sido possível fazer essas coisas
sem Katherine Johnson e seu amor pela matemática".
Katherine
nasceu no dia 26 de agosto de 1918 em White Sulphur Springs (Virgínia, EUA) e
foi uma menina curiosa e brilhante, que aos dez anos já cursava o ensino médio.
Entrou para a
Universidade Estadual de West Virginia onde se graduou em Matemática e Francês
com honras máximas em 1937 e aceitou um trabalho como professora em uma escola
pública para negros.
"Sempre
estava cercada de gente que estava aprendendo coisas, eu adoro aprender. Você
aprende se quiser", afirmou.
A vida tomaria
um novo rumo para Katherine quando em 1952 um parente lhe disse que havia vagas
na seção de computação da ala oeste (onde trabalhavam os afro-americanos) do
Laboratório Langley da Naca — a agência que antecedeu a Nasa — por isso, ela e
seu marido decidiram se mudar para Hampton, na Virgínia.
Mulher
decidida e com habilidades de liderança, Katherine não se limitou a fazer
cálculos, mas pediu para participar das reuniões com os engenheiros, algo
inédito para uma mulher e afro-americana, mas finalmente o conseguiu, o que lhe
abriu o caminho e fez com que ganhasse o respeito de seus colegas.
Eram os anos
1950 e haviam leis de segregação racial nos EUA, mas Katherine garante que
"não tinha tempo para isso", lembrando que o pai lhe ensinou:
"Você é tão boa como qualquer um nesta cidade, mas não é melhor".
Katherine
também não sentiu a segregação em seu trabalho. "Lá você pesquisava. Tinha
uma missão e trabalhava nela", afirmou.
No entanto, quando ela começou a
trabalhar com brancos, seus colegas exigiram que ela usasse uma cafeteira
diferente.
Essa é uma das
histórias do livro "Hidden Figures", de Margot Lee Shetterly, no qual
se baseou o filme "Estrelas Além do Tempo", e que tirou Katherine e
duas de suas companheiras, Dorothy Vaughan e Mary Jackson, do anonimato.
Katherine
trabalhou no centro Langley até 1989, tempo durante o qual participou de
projetos como o da nave Space Shuttle e foi autora e coautora de mais de 20
relatórios científicos.
Katherine
ganhou medalha
Uma longa
carreira que foi homenageada em 2015 quando, já com 97 anos, quando ela recebeu
das mãos do então presidente americano Barack Obama a Medalha da Liberdade, a
condecoração civil mais importante do país. Além disso, no ano passado, a Nasa
deu seu nome a um novo centro de pesquisa computacional.
Katherine é
defensora do trabalho duro, mas sobretudo de desfrutar dele. "Eu ia
trabalhar contente todo dia durante 33 anos. Nunca me levantei um dia e disse:
não quero trabalhar."
Postado por: Joel Alvarenga no Face