MAS EU NÃO SOU VIADO, PROFESSOR!!!
Se os alunos tivessem um pouco de moderação com a voz, tipo falarem baixo quando conversam em grupo ninguém na sala de aula precisaria saber sobre o que eles estão conversando.
Na maioria das vezes simplesmente ignoro o que eles conversam em grupo, mas algumas dessas conversas acabam por chamar a minha atenção pelo teor do assunto.
- Se o viadinho quer me dar, eu como mesmo.
Esse é um daqueles alunos que não esconde o que fala e pelo contrário quer que todos saibam para se auto promover.
- Mas se você come viado, então você também é viado.
Ironiza uma aluna que está no mesmo grupo de conversa do aluno que quer auto promover.
- Viado é quem dá. Quem come não é viado.
É assustador esse tipo de raciocínio, mas o aluno parece querer auto afirmar como macho alfa.
- Concordo. Se o viado quer dar e tem homem pra comer.
O homem não é viado.
Esse daí tá sempre junto do colega, não estranho ele passar pano para justificar os atos sexuais do colega.
- Mas gente, se você transa com outro homem comendo ou sendo comido, você também é viado.
A menina do grupo volta a mostrar a contradição dos colegas, nesse grupo de cinco alunos ela é a única menina e também a única sensata. O ruim é ela usar como os colegas a palavra viado.
- Garota, tu tá falando merda. Caralho, não sabe de porra nenhuma e fica dizendo que eu sou viado.
As palavras dela incomodaram a masculinidade tóxica do aluno que de forma agressiva vai em direção a colega.
- Você pode sentar aí.
Resolvi intervir para evitar uma agressão.
- Professor, uma pergunta.
A aluna resolveu me envolver na conversa, até sei que pergunta ela fará.
- Se um garoto come um viado, ele também não é viado?
Como pensei, pergunta previsível.
- Em primeiro lugar, temos que parar de usar esse termo viado.
- Por que?
Indaga uma aluna que estava fora do grupo.
- Porque esse termo foi criado pelos povos originários para segregar os indígenas homoafetivos. Antes da chegada dos europeus e do cristianismo nas Américas a homossexualidade, a bissexualidade e a transexualidade eram normais nessas sociedades pré-colombianas. A influência cristã que começou a tornar a orientação sexual e a transexualidade como anormais e demoníacas fazendo com que indígenas homoafetivo e transexuais fossem perseguidos por outros indígenas.
Nesse momento, não é somente um grupo que presta a atenção na minha explicação.
- Quanto a questão de ser ativo ou não numa relação sexual homoafetiva, temos que observar que a pessoa para manter relação sexual com pessoas do mesmo sexo tem que se sentir atraída. Independente se vai "comer" ou ser "comida".
Agora, por um breve momento me pego pensando se foi certo usar os termos "comer" e ser "comida", pois são termos chulos mesmo que seja para uso didático para um assunto tão delicado
- A pessoa ter relações sexuais com pessoas do mesmo sexo não quer dizer ela seja gay, ela também pode ser bissexual. Do mesmo modo, que uma pessoa heterossexual ter relações com pessoas do mesmo sexo, mesmo que momentaneamente não significa que ela seja gay ou vá se tornar.
O tema sexo sempre é algo que desperta curiosidades nos alunos. Não pretendo abordar a questão da pansexualidade por ser algo muito mais complexo.
- Mas, eu não sou viado, porra!!!
Parece que o aluno se sentiu tocado com a minha explicação.
- Não estou dizendo isso. Estou dizendo que você não pode taxar o outro com quem você mantém relação sexual de viado. E que se você mantém relações sexuais homoafetivas é porque você tem atração por pessoas do mesmo sexo.
- Mas, eu gosto é de buceta, mas não recuso um cú.
Ele me interrogou pela segunda vez quase gritando.
- Não é anormal você gostar de meninos e meninas. Ou mesmo, por você ter relações sexuais homoafetivas não significa que não possa ter relação sexual com meninas, desde que você use camisinha na hora do sexo.
Será que ele entendeu o que eu quis dizer.
- Eu não gostei desse papo professor!!!
Não teria como ele gostar, já que toda masculinidade tóxica dele começou a ser descontraída.
Luiz Carlos Crônicas de um historiador.
De uma certa forma eu entendo o garoto.
Vamos deixar de lado as “expressões chulas”.
Vamos apenas filosofar gostoso... 😏
Na pratica eu observo que no caso dos homens “ser gay” é gostar de ser penetrado, ter prazer nisso.
Inúmeros homens, principalmente naquela fase da inundação de hormônios, sentem necessidade de “buracos”... 😏
Li uma matéria em que o pênis do cidadão ficou preso naquelas rodinhas de rolimãs, teve que chamar bombeiros para tirar.
Sexo com animais é do conhecimento popular.
Nunca cheguei a extremos, mas confesso que mulheres que me deixaram atraídos na adolescência ... na fase adulta eu não pegaria.
Exemplo:
Nem sei como é hoje em dia, mas havia um bairro em Campinas que tinha muitas casas de prostituição, o Jardim Itatinga.
Por ser muito tímido (e por falta de dinheiro 😏) nunca frequentei aquele lugar, mas tinha vontade.
Ir ali era a fantasia de todo adolescente, imagine, mulheres seminuas se oferecendo na porta de casas...
O tempo passou, fiz um curso de modelo e manequim que me possibilitou conhecer muita gente, percebi que as "meninas direitas" não eram tão inalcançáveis como eu pensava.
Minha timidez diminuiu bastante, tinha até algum dinheiro para gastar no Itatinga.
Entretanto, sexo com prostitutas não fazia mais sentido pra mim, era o "tipo de buraco" que eu já não queria entrar...😏
Minha masculinidade é tóxica?
Você decide ... não que eu ligue ...
Enfim.
Vi uma matéria recente que o cidadão ficou com o fiofó entalado no câmbio de um carro.
Se esse falar que não é gay ... eu não acredito. 😊
Quanto ao garoto da crônica, são coisas da idade.
O futuro dirá se ele é o não é ... "tóxico", gay ou só adolescente.
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