Artigo maravilhoso, eu já tinha feito comentários com o
mesmo raciocínio.
Uma série de atrizes americanas aparecem na
imprensa e nas "redes sociais" acusando um veterano produtor de
cinema de assédio sexual.
Talvez nunca
tenha sido tão fácil, como é agora, ser um sujeito valente no Brasil e no resto
do mundo.
Essa é a mais confortável das valentias.
Rende palmas, cartaz nas classes intelectuais
e puxação de saco por atacado — e o melhor de tudo, para grande alívio dos
valentes, é que pode ser praticada sem risco nenhum.
É como num filme
de faroeste em que houvesse, de um lado, uma confortável multidão de mocinhos
atirando com metralhadora .50, a uma distância segura do inimigo e de dentro de
diligências blindadas Nível V — dessas que são privativas das Forças Armadas e
capazes de resistir a um míssil Tomahawk.
De outro lado,
levando chumbo, uns bandidos e índios meia-boca, desarmados e geralmente já
caídos no chão.
A plateia, cada
vez que assiste a uma cena dessas, fica encantada com a turma da bala.
Que coragem.
Que heroísmo.
Que exemplo.
As “redes
sociais” entram em festa.
Os exemplos dessa bravura sem risco, popular e
lucrativa viraram o pão nosso de cada dia neste mundo da comunicação automática
de tudo o que acontece, e mesmo do que não acontece.
Um dos mais
recentes e mais espetaculares tornou-se, também, um dos mais curiosos.
Não apenas os
heróis (no caso, heroínas) conseguiram suas medalhas de coragem por meio da
execução de feridos indefesos, mas transformaram atitudes normalmente
consideradas desprezíveis do ponto de vista moral em atos de virtude superior.
Sabe-se com, todos os detalhes o que
aconteceu: uma série de atrizes americanas, em massa e em série, aparecem na
imprensa e nas “redes sociais” acusando um veterano produtor de cinema de
assédio sexual, ou pior do que isso, para lhes dar papéis em seus filmes.
As atrizes
acusaram o produtor de fatos que ocorreram, segundo elas mesmas, 25 ou trinta
anos atrás, ainda no século passado.
O produtor,
obviamente, foi reduzido a farinha de rosca em menos de minuto. As atrizes
viraram mártires.
Nunca se tinha
falado de nada disso durante esse tempo todo — de repente, sem nenhum motivo
especial para justificar a sequência de denúncias, as atrizes foram se
lembrando do passado, uma depois da outra, e a coisa toda se transformou num
crime contra a “mulher”.
Não houve nenhuma
tentativa de explicar por que as atrizes esperaram décadas para fazer suas
acusações — ou por que deixaram que o bandidão, durante anos a fio, ficasse
livre e solto para dar em cima de tantas outras moças que também queriam ser
estrelas de cinema.
Nenhuma palavra, igualmente sobre uma questão
básica nesse tipo de caso: as atrizes que hoje se apresentam como vítimas
fizeram sexo com o produtor por vontade própria?
O fato é que
nunca houve uma condenação contra o homem na Justiça americana; legalmente, ele
não foi acusado de nada.
Resulta, então,
que o produtor exigia sexo para dar papéis; as atrizes, na hora, aceitavam a
troca — e ganharam exatamente o que pretendiam, ou seja, os bons personagens
dos filmes.
Não se sabe se
esse comércio ocorreu uma vez com cada uma.
O
que se sabe é que, a partir daí, essas atrizes construíram carreiras que lhes
deram fama e as deixaram milionárias.
Hoje, o produtor está liquidado, e elas não
precisam mais nem dos papéis nem do dinheiro.
Cheias de
coragem, então, saíram a público após uma vida de terrores, e finalmente
acusaram o seu carrasco.
Tudo bem: ninguém
tem o menor direito de exigir comportamento ético impecável de uma moça de 20
anos, ou algo assim, fascinada pelo sonho de ser atriz.
Elas não fizeram,
em suma, nada de errado.
Mas, se ficaram
quietas na hora de ir para a cama com o chefão, deveriam ter ficado quietas até
hoje.
Não podem estar
certas, ao mesmo tempo, na mão e na contramão.
Se tivessem agido desse jeito alguns anos
atrás, seriam chamadas de mulheres de “mau caráter”.
Hoje são Joanas
d’Arc.
Este é o mundo
novo, afirma o tribunal de acusação; quem faz objeções a ele está num mundo que
já morreu.
É a nossa Terra
de Bravos.
Texto completo na Veja: